Ego: um poder destruidor
Impressionante a destruição que o ego pode gerar. Pessoas egocêntricas são muito perigosas e não medem as consequências de seus atos. São capazes, inclusive, de se prejudicar para se vingar de um ego ferido — e aí está o grande problema.
Pessoas racionais pensam nos limites de seus atos e, muitas vezes, aceitam um compromisso para buscar um entendimento que seja vantajoso ou, pelo menos, reduza suas perdas. Isso não acontece com o egocêntrico. Com ele, é all in. Pode se arrebentar, desde que o outro seja prejudicado. Não há pontes — só pensa em vitória.
Se isso já é ruim na vida particular, o estrago é muito maior na vida política. As consequências costumam ser sentidas por muita gente; por vezes, por toda a sociedade. Já vi a vida política de um país ser virada de ponta-cabeça, com graves consequências — e, quando chegamos à raiz, um ego ferido.
Pior ainda quando envolve dois egocêntricos; aí a possibilidade de uma solução pacífica tende a zero. O que vemos é um processo de destruição mútua que normalmente só termina quando um (ou ambos) perde a capacidade de qualquer reação. A luta é ainda mais sangrenta quando envolve amigos ou aliados. Quanto maior o vínculo, maior o ódio gerado.
Por isso os antigos filósofos alertavam tanto contra a hybris, e os escolásticos, para a soberba. Eles sabiam bem a espiral de violência que egos feridos podem causar. Não por acaso, a mais clássica das tragédias — Édipo Rei — só acontece porque há uma disputa de egos pela passagem em uma estrada. No fim de tudo, pouco importa quem estava certo, porque as consequências são tão superiores à origem que esta se torna irrelevante.
Estamos em tempos difíceis porque tudo conspira para uma supervalorização do ego — o que nos leva à realidade dos egos feridos. A plateia aplaude o sangue, sem perceber que é ela mesma que terminará sangrando junto.
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